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Feminicídios aumentam 66,6% no primeiro trimestre do ano em Mato Grosso do Sul


Dez mulheres foram vítimas de feminicídio desde o início do ano no Estado; três delas somente na última semana
Imagem ilustrativa Por: Soares Filho | 26/03/2024 04:01

Março ainda não chegou ao fim, mas Mato Grosso do Sul já registra um aumento de 66,6% no número de feminicídios neste ano, se comparado com os primeiros três meses do ano passado.

Segundo dados da Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), entre janeiro e março de 2023, seis mulheres foram vítimas do feminicídio no Estado; no mesmo período de 2024, o número de vítimas já chegou a 10 - o que representa um aumento de 66,6%.

Três das mortes foram registradas em menos de 48 horas:

Na quinta-feira (21), Givanilda de Paula, de 41 anos, foi morta a tiros pelo ex-marido ao chegar em um velório, realizado no bairro Santa Luzia, em Três Lagoas.

No fim da tarde, Renata Andrades de Campos Widal, de 39 anos, foi morta a pedradas e teve o pescoço "cortado" por um serrote. O crime foi cometido pelo próprio irmão da vítima, um homem de 36 anos. Ele foi preso em flagrante e, em depoimento, confessou o crime.

Já durante a noite, Dayane Xavier da Silva, de 29 anos, foi morta a facadas pelo marido. Segundo testemunhas, eles teriam se desentendido ao chegar em casa, após beberem em uma conveniência. Dayane deixou três filhos, de um, cinco e oito anos. 

Durante coletiva de imprensa, realizada no último sábado, a delegada responsável pelos casos da Capital, Rafaela Lobato, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), falou sobre a dificuldade encontrada pela Polícia com relação aos dados, já que em muitos casos não há um histórico de denúncias da mulher contra o feminicida, muito menos medida protetiva.

Lobato avaliou que o feminicídio não acontece por apenas um fato, ou um único probema. Mas sim é o fim drástico de uma série de violências.

"Por exemplo, no primeiro desses dois casos que nós tivemos [em Campo Grande], nunca tinha sido trazido uma situação de violência doméstica até a Polícia Civil. Já no segundo, a denúncia havia sido há três anos atrás, e não existiu um pedido de medida protetiva", explicou.

No caso da mulher esfaqueada pelo marido, o único boletim havia sido registrado em 2021, e constava apenas como "vias de fato" sem lesão corporal.

"Então, a gente tenta falar para a sociedade denunciar, para que a gente possa atuar antecipadamente, na forma preventiva, que a gente pode alcançar e, de certa forma, assegurar essa vítima", acrescentou.

A delegada acredita ainda que muitos casos poderiam ser evitados se a vítima tivesse se encorajado o suficiente para fazer a denúncia.

"Porém, na maioria dos casos, principalmente quando se tem uma situação drástica, a gente percebe que mais de 90% são vítimas que não denunciam", afirmou.

Sendo assim, Lobato reforçou a importância das mulheres denunciarem qualquer situação de violência à Polícia Civil, como forma de "frear" os agressores.

"Muitas pessoas falam que a medida protetiva não serve de nada, mas quando a mulher denuncia, em mais de 80% dos casos serve sim para dar um freio. É com a denúncia que o Estado toma conhecimento inicial e pode estar criando essa barreira", concluiu.

Histórico

Em 2023, 30 mulheres foram vítimas de femincídio no Estado. O ano anterior, 2022, havia sido o recorde no número de casos desde que a lei foi instituída, em 2015. Foram 44 vítimas registradas no sistema da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul (Sejusp).

Em 2021, o Estado registrou 37 feminicídios. No ano de 2020, 41 mulheres foram mortas por serem mulheres. Em 2019, foram 30 vítimas; e em 2018, 36.

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