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Policial que prendeu assassino do próprio pai, teve crise de choro


Filha se formou em direito, prestou concurso e passou a trabalhar com investigações na Delegacia de Homicídios, em Roraima.
Gislayne Silva de Deus, de 36 anos, policial que prendeu assassino do pai 25 anos depois — Foto: Caíque Rodrigues/g1 RR Por: Soares Filho | 28/09/2024 08:46

Givaldo José Vicente de Deus foi assassinado com um tiro em 1999; condenado pelo crime ficou foragido por oito anos. Filha se formou em direito, prestou concurso e passou a trabalhar com investigações na Delegacia de Homicídios, em Roraima.

"Quando eu vi que o responsável pela morte do meu pai estava preso, eu tive uma crise de choro. Foi uma explosão de sentimentos que viraram lágrimas de alívio, pois parecia que esse dia nunca chegaria", disse ao g1 a escrivã Gislayne Silva de Deus, de 36 anos. Ela teve o pai assassinado e participou da operação da Polícia Civil de Roraima que prendeu o acusado pelo crime 25 anos depois, na quarta-feira (25).

Gislayne era a mais velha de cinco filhos de Givaldo José Vicente de Deus e tinha 9 anos quando perdeu o pai. Ele foi assassinado com um tiro à queima roupa, disparado por Raimundo Alves Gomes, que cobrava uma dívida de R$ 150 em 1999.

Foragido desde 2016, o homem, de 60 anos, foi preso na quarta-feira (25) em Boa Vista. Raimundo Alves Gomes teve o primeiro mandado de prisão expedido ainda em 2016. Ele foi julgado e sentenciado em 2013 pelo Tribunal do Júri, do Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR), por matar Givaldo José Vicente de Deus, à época com 35 anos. Ele foi julgado 14 anos depois do crime e condenado a 12 anos de prisão pelo homicídio.

Na quinta-feira (26), Raimundo Gomes passou por audiência de custódia, que manteve a prisão, e foi encaminhado para o sistema prisional de Roraima. A defesa dele informou que não vai se manifestar no momento.

Gislayne relatou ter sentido um "choque" e confessou ter tirado um peso de anos quando recebeu a notícia da prisão: "esse momento trouxe uma paz enorme para mim e para minha família". Por isso, ela fez questão de contar para as suas irmãs.

"Compartilhei a notícia com a minha família, e todos sentiram uma grande sensação de paz e justiça. Esperamos por muito tempo, e, mesmo desacreditados, conseguimos alcançar esse momento. O choro foi de alívio, pois, após tanto tempo, parecia que um peso enorme havia saído das minhas costas", explicou a escrivã.

"Eu não sabia o quanto isso era importante para mim até aquele momento. Eu não tinha noção do quanto isso estava pesando há anos até que eu tirei o peso das costas", disse.

   


A prisão de Raimundo, feita por policiais da Delegacia Geral de Homicídios, foi na noite da última quarta-feira (25), em uma área de chácaras no bairro Nova Cidade, também na zona Oeste de Boa Vista. 

Após atirar, Raimundo foi obrigado por um amigo da vítima a levá-la ao hospital, mas fugiu e foi preso pela polícia. Ele foi solto depois. Gislayne e as irmãs, outras quatro filhas de Givaldo, ficaram, então, órfãs. A mais nova tinha apenas 2 anos quando o crime ocorreu e cresceu sem lembranças do pai.

Raimundo Gomes foi julgado e sentenciado pelo Tribunal do Júri, do Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR), 14 anos depois do crime, em 2013. Ele foi condenado a 12 anos de prisão pelo homicídio, e o caso transitou em julgado (teve a tramitação concluída) no mesmo ano.

O crime de homicídio prescreve após 20 anos, a partir da sentença condenatória e se a pena for maior que 12 anos. No caso de Raimundo, que teve a pena de 12, a prescrição seria em 16 anos a contar da conclusão do julgamento, ou seja, em 2031 — faltavam sete anos para que isso acontecesse, explicou o Bruno Caciano, advogado e presidente da Associação Nacional da Advocacia Criminal (Anacrim) em Roraima.

 

 

 

 

G1



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